REAPRENDENDO A CRIATIVIDADE COM AS CRIANÇAS

REAPRENDENDO A CRIATIVIDADE COM AS CRIANÇAS

Dizem que todos nós já temos criatividade, somos criativos. Mas que temos que exercitar isso. Então, o que podemos aprender com as crianças com relação a criatividade? Tudo. Ou, no mínimo muito.

No mês de outubro, dia 12, comemoraremos o dia das crianças. Muita gente começa a mudar suas fotos no Facebook para colocar aquelas de quando eram crianças. Pais pensam em presentes. Professores e escolas preparam suas comemorações. Enfim diversas homenagens a estes pequeninos que nos fazem mais felizes.

Porém, acho que, muito mais do que homenagear, precisamos resgatar esta qualidade de “ser criança” que é muito mais do que “ser pequeno, dependente, engraçadinho e bonitinho”. “Ser criança” é ser livre principalmente para pensar. Se hoje fôssemos livres como já fomos quando crianças poderíamos ter muito mais sucesso e felicidade.

Criatividade é inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo, dia a dia etc. Mas para mim, a melhor definição de criatividade é de Anderson**: “CRIATIVIDADE REPRESENTA A EMERGÊNCIA DE ALGO ÚNICO E ORIGINAL”. E é justamente este “criar” na “emergência, na dificuldade ou necessidade” que a criança realiza sem obstáculos no pensamento e principalmente na ação. Não ficam arranjando culpados ou colocando empecilhos. São livres e por isso desenvolvem sempre algo original e único mas que principalmente resolve o problema, atende a demanda e é independente.

@Eu queria alguns brinquedos – Quando era pequena, queria brincar de servir comidinhas, cozinhar em panelinhas comidas imaginárias etc mas não tinha estes brinquedos. Resolvi então confeccionar o que eu queria. Peguei um papel, cortei com as mãos mesmo, dobrei e enrolei até que viraram panelinha, pratos, talheres e copos. Aí brinquei muito. Não importava se era de papel e simples ou de plástico e comprado na loja, precisava ser brinquedo. Conquistei o objetivo, resolvi o problema.

Ela queria viajar com tranquilidade – Minha sobrinha de 10 anos, ia ter prova na sexta-feira mas também neste dia deveria viajar para São Paulo. Em casa, conversou isso com a sua mãe que disse que iria resolver com a escola e ver como faria. Mas que em último caso, disse que poderia viajar a noite, na sexta. Porém, minha sobrinha disse tinha que viajar para outro lugar no sábado e argumentou que ficaria muito cansada. Isso era um domingo. Na quarta, minha irmã foi falar com a diretora para ver sobre a liberação para ela fazer a prova antes. Porém, quando chegou a diretora disse que ela estava “atrasada”. Que minha sobrinha pediu licença para a professora, foi até lá e já tinha argumentando a “extrema” necessidade de fazer a prova antes e que ainda na sexta precisaria ir sem uniforme pois de lá já iria viajar. Negociou estes termos com a diretora e conseguiu. Não teve o pré-conceito da idade ou do medo da autoridade. Sabia que tinha esse poder e esse direito e ela, com 10 anos, foi lá e conquistou o objetivo e resolveu o seu problema.

Ela queria cuidar da gatinha machucada – A filha de uma amiga no Facebook, vendo que sua gatinha estava machucada. Foi ao banheiro, pegou papel higiênico e “enfaixou” a gata. Lembrou de como sua mãe fazia e resolveu com criatividade a questão do cuidado médico. Conquistou o objetivo e resolveu o problema, (ou quase rrsss).

E se ficarmos aqui conversando e contando lembraremos de histórias assim. Histórias nossas, de pessoas próximas ou de casos que ouvimos. Mas a principal lição é que as crianças usam tudo que é possível para “alcançar seus objetivos e resolver seus problemas”. Seja de forma mais simples, decidida ou engraçada. As crianças são independentes e com sua pouca vivência sabem bem o que querem e lutam pra conquistar. Mesmo que não seja da melhor forma e muitas vezes causando acidentes, as crianças são livres e obstinadas.

De verdade, os pais e a sociedade, na minha opinião, é que muitas vezes estragam a criança e quando ela vira adolescente, jovem ou adulto
ficam dependentes, inseguras e sem perspectivas. Conheço por exemplo diversos jovens com mais de 18 anos que seus pais que resolvem tudo na escola, das viagens. Tem pais que os filhos já tem mais de 20 e ainda compram suas calcinhas e cuecas. Tem pais que ainda sustentam seus filhos com mais de 30 anos. Enfim “amam demais”, tornam os filhos dependentes e cada dia mais sem autonomia, sem liberdade, sem criatividade.

Agora, imagina nós, com o conhecimento e vivência que já temos, se agirmos com a liberdade e obstinação das crianças, livres de pré-conceitos? Seremos pessoas muito mais criativas. Se tivermos o olhar da criança para o problema, poderemos achar soluções simples, descomplicadas, baratas, inovadoras e principalmente muito criativas.

O principal para ser criativo é lembrar que o mais importante é conseguir chegar nos objetivos e que para isso, as variáveis mais estranhas e não usuais podem ser uma solução. Não aceitar o “não”, o “é impossível”, o “já tentamos”, o “não é por aí” e tantas outras frases, regras e opiniões negativas, obsoletas ou bitoladas. O objetivo é conquistar o resultado, um resultado único.

Vamos observar e ser mais criativos. 🙂

QUERO TE ENVIAR SEMPRE INFORMAÇÕES EXCLUSIVAS SOBRE PROJETOS, EVENTOS E MUITO MAIS e isso eu só compartilho com quem é VIP. Para isso faça aqui sua inscrição para participar também.

**(ANDERSON, H. H . On the meaning of creativity. In ANDERSON, H. H. (org.). Creativity in childhood and adolescence. Palo Alto, CA: Science and Behavior Books. 1965.)

2 comentários sobre “REAPRENDENDO A CRIATIVIDADE COM AS CRIANÇAS

  1. Adorei conhecê-la, embora tenha sido pouco tempo, o seu workshop foi muito dinâmico e participativo. Só o que eu captei de informações servirá para melhorar o meu trabalho. Rê Silveira (Palhaço Osaskitto)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.